PERIFERIA NO CENTRO,
FAVELA NO ORÇAMENTO!
PERIFERIA NO CENTRO,
FAVELA NO ORÇAMENTO!
Simbora colocar a nossa favela no orçamento?
Você provavelmente já deve ter lido ou ouvido que São Paulo é a cidade mais rica da América Latina, o que na prática quer dizer que o orçamento da nossa cidade só perde para o Estado de São Paulo e para a própria União em termos de tamanho. Ou seja, dinheiro a gente tem e muito! Mas você já se perguntou para onde esse dinheiro todo está indo?
O Mapa da Desigualdade de 2023 mostra que a diferença de expectativa de vida de um morador de São Paulo pode chegar a até 23 anos, dependendo do bairro em que ele mora. E você pode imaginar que nos bairros mais nobres, como Pinheiros e o Itaim Bibi, as pessoas vivem mais e melhor se comparado a Brasilândia, por exemplo, bairro onde eu e minha família vivemos.
E não é por acaso que isso acontece. Historicamente, o poder público destina muito mais verbas para os bairros mais ricos do que para as áreas mais pobres, que demandam muito mais recursos e investimentos. E por isso, serviços de educação, saneamento, transporte e saúde se tornam cada vez mais precários.
Desde o início deste ano, ao lado de meu companheiro Guilherme Boulos, tenho rodado por toda São Paulo, visitando cada canto dessa cidade, ouvindo, dialogando e conhecendo de perto a realidade da população dos mais diversos bairros, gente que constrói essa cidade diariamente às custas de muita luta e suor.
Gente como eu, mainha, painho e meus irmãos, que acordam cedo e perdem horas no transporte público e nas filas intermináveis dos serviços de saúde. Pessoas cansadas de ver as enchentes, cada vez mais frequentes com as tragédias climáticas, levarem o pouco que conquistaram ao longo da vida, que querem vagas em creches para seus filhos, ruas bem iluminadas e segurança ao voltar para suas casas. Pessoas que desejam ser tratadas com respeito e querem ver o dinheiro de seus impostos retornando em forma de políticas públicas.
São Paulo tem jeito, e a solução para esse tanto de problemas que a gente já está cansado de saber que existem vai vir do chão das nossas periferias. As nossas favelas pulsam coletividade, criatividade, potencial e união. E por isso, eu acredito que é colocando o povo favelado no centro das decisões que a gente vai fazer florescer a mudança que a nossa cidade tanto precisa.
Vamos juntos colocar a favela no orçamento?
O movimento Favela no Orçamento é construído por diversas mãos, mentes e corações que acreditam em um projeto político antirracista, feminista, tecido através do diálogo, da escuta e do afeto, entendendo que a favela sempre fez e soube fazer política. E o que falta e sempre faltou para o nosso povo é o poder de decidir sobre os próprios problemas e o próprio futuro.
Como boa nordestina, venho de uma linhagem de mulheres de fibra, cuja vida foi marcada pela luta e por muitas dificuldades, assim como a de milhares de mulheres que chefiam a maior parte das famílias brasileiras. Vi de perto minha avó, Maria da Penha, criar 12 filhos apesar da pobreza e da escassez dos recursos mais básicos. E por isso digo que pessoas como ela e mainha têm muito a ensinar sobre gestão, economia e, principalmente, sobre como cuidar de gente.
E embora eu tenha aprendido muito com as minhas maiores referências, foi também a partir dessa força ancestral que me move desde sempre que me tornei a primeira da minha família a ocupar as cadeiras da universidade e assim, conquistei meus 5 diplomas: Direito, Administração, Gestão Pública, Ciências Políticas e Urbanismo Social.
Essa trajetória pessoal, cercada e amparada por referências de dentro e fora dos espaços acadêmicos, me fez compreender que a nossa favela é uma fonte de riqueza cujo maior valor são as pessoas. E foi também a partir desse olhar que iniciei meu ativismo, aos 13 anos, por uma educação pública de qualidade, e anos depois nos movimentos antirracistas, de mulheres negras, antiproibicionista e em uma diversidade de lutas representadas nas pessoas que trago junto de mim nesse projeto político coletivo.
Um projeto que se constrói a partir da luta dos movimentos negros, feministas, LGBTQIA+, anticapacitista, do povo trabalhador, da luta pela educação, saúde, cultura, esporte, lazer, moradia, comida na mesa e bem-viver. E que também é fruto dos caminhos abertos por todos aqueles e aquelas que vieram antes, como Zumbi, Dandara, Luiza Mahin, Luiz Gama, Lélia Gonzalez, Abdias do Nascimento, Sueli Carneiro, Conceição Evaristo, Benedita da Silva, Marielle Franco, minha mãe Joseane, minha avó Dona Maria da Penha, e tantas outras figuras ancestrais que se alegram por essa iniciativa, além dos quase 37 mil votos que conquistei em 2022.
Carrego comigo entre tantas outras forças a filosofia ancestral africana Ubuntu, que traduzida na frase “Eu sou porque nós somos”, compreende que, enquanto indivíduos, somos parte de algo muito maior e coletivo. E é através dessa construção coletiva, com mãos, cabeças e corações, que vamos juntos com Boulos construir a cidade que a gente sonha, quer e merece.
Simbora colocar a nossa favela no orçamento e na Câmara Municipal de São Paulo?
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